Crescimento fetal em gestantes infectadas pelo HIV
Palavras-chave:
gravidez, HIV, recém-nascido pequeno para a idade gestacional, peso fetal, nascimento prematuroResumo
Introdução: a infecção materna pelo vírus da imunodeficiência hu-mana (HIV) pode ter como principais consequências para a saúde fetal a transmissão vertical e o desfecho perinatal adverso. Após o su-cesso em reduzir a transmissão vertical, deve-se dar atenção à grande proporção de nascimento pré-termo e de crescimento intrauterino res-trito (CIUR) em crianças expostas em ambiente intrauterino ao HIV. Objetivo: determinar a prevalência de nascimento pré-termo e de restrição de crescimento fetal em filhos de gestantes infectadas pelo HIV e a relação dessas variáveis com o estágio da doença (com ou sem aids) e com as comorbidades não associadas à infecção pelo HIV. Métodos: dentre os 250 partos de gestantes infectadas pelo HIV aten-didas em um Hospital Universitário público e terciário em Vitória, Espírito Santo, Sudeste do Brasil, ocorridos entre novembro de 2001 e maio de 2012, foram incluídas 109 (43,6%) gestações não gemelares com dados sobre a idade gestacional, a gravidade da infecção, uso de antirretrovirais e as dimensões fetais. Os dados clínicos e laborato-riais foram extraídos dos prontuários, a idade gestacional calculada e o crescimento fetal avaliado pelas medidas fetais, que foram clas-sificadas em pequenas, adequadas e grandes para a idade gestacional em relação aos apropriados valores de referência. Resultados: Nasci-mento pré-termo foi observado em 17,4%, baixo peso fetal em 23,9% e peso, comprimento e perímetros cefálico e abdominal pequenos para a idade gestacional em 20,2%, 29,0%, 1,0% e 43,6%, respectiva-mente, sem variação apreciável conforme a gravidade da infecção ou existência de comorbidade. A concomitância de peso, comprimento e perímetro abdominal pequeno para a idade gestacional aponta para o tipo assimétrico de restrição de crescimento fetal. Conclusão: as prevalências de nascimento pré-termo e da restrição de crescimento foram maiores que a prevalência local e que a esperada para a dis-tribuição populacional de referência nas gestantes infectadas pelo HIV, nesta casuística. Os achados independeram do estágio da doença (com ou sem aids) e com as comorbidades não associadas ao HIV.