Qual o papel do toll-like receptor (TLR) na indução de lesão de tuba uterina nas infecções por chlamydia trachomatis?
Palavras-chave:
toll-like receptor, Chlamydia trachomatis, doenças tubárias e obstrução tubária, DSTResumo
Introdução: a suscetibilidade à infecção por C. trachomatis, curso, complicações e resolução da doença depende do tipo da bactéria, de fatores ambientais e da genética do paciente. Entre as mulheres uma forma frequente da infecção é a endocervicite, que pode se complicar com salpingite com consequente lesão tubária. Acredita-se que as complicações a longo prazo desta infecção ocorrem via heat shock protein HSP 60 e toll-like receptors (TLR). Objetivo: realizar uma revisão sistemática de artigos publicados que estudaram as alterações tubárias geradas pela infecção por Chlamydia trachomatis e o papel dos TLR durante esse processo. Métodos: para realização dessa revisão, três revisores realizaram uma ampla pesquisa nas principais bases de dados científicas: Pubmed, Lilacs, Embase, Cochrane library, Highwire e Google Schoolar. As palavras-chave utilizadas foram: Chlamydia ou chlamydia infections ou Chlamydia trachomatis e toll like receptors ou toll-like receptor ou receptor, toll-like, e fallopian tube diseases ou tubal obstruction ou tubal occlusion. Trabalhos em português, inglês e espanhol foram incluídos e excluídos: trabalho de revisão de literatura, estudos publicados em outras línguas e estudos sem desenho experimental definido. A avaliação foi realizada conforme recomendação da Associação Médica Brasileira. Resultados: entre janeiro de 2000 e junho de 2012 foram encontrados 536 artigos, dos quais 11 preencheram critérios de inclusão. Após avaliação qualitativa, foram selecionados seis estudos. Entre os resultados encontrados temos que em ratos knockout a deficiência de TLR2 esteve associada a menor risco de lesão tubária. Um outro modelo experimental em ratos demonstrou que a ativação do IFN-beta e do IP-10 durante a infecção por C. trachomatis é independente de TLR2 e de TLR4, mas dependente de MyD88. Ao se utilixar uma integração entre modelo experimental e clínico, evidenciou-se que TLR4 está associado à severidade, mas não à suscetibilidade a infecção. Já pesquisando em mulheres foram observadas expressões aumentadas de TLR2 e NFκB no epitélio da tuba uterina, indicando o possível envolvimento no aumento de PROKR2, predispondo à gravidez tubária. Outro estudo mostrou que a presença de múltiplos SNPs em múltiplos genes dobrou o risco para patologia tubária em mulheres com anticorpo para C. trachomatis. Nesse mesmo contexto é considerado que variações genéticas no sistema imune podem ser impactantes na suscetibilidade e severidade da infecção genital por C. trachomatis. Conclusão: os estudos demonstram que há uma menor participação de TLR4 na fisiopatogênese da lesão tubária induzida pela C. trachomatis, ao passo que TLR2 teria um papel mais importante neste processo e dependente de variação genética no sistema imune.