Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana em associação ao uso de crack: qual o impacto na transmissão perinatal entre 890 gestantes

Autores

  • Newton Sergio de Carvalho Universidade Federal do Paraná General Hospital
  • Camila Cristi Vieira Berti Universidade Federal do Paraná General Hospital
  • Jordana Rauen Universidade Federal do Paraná General Hospital
  • Adeli Regina Prizybicien Medeiros Universidade Federal do Paraná General Hospital
  • Cibele Feroldi Maffini Universidade Federal do Paraná General Hospital
  • Edson Gomes Tristão Universidade Federal do Paraná General Hospital
  • Renato Luiz Sbalqueiro Universidade Federal do Paraná General Hospital

DOI:

https://doi.org/10.5327/DST-2177-8264-20213336

Palavras-chave:

HIV, Crack cocaína, Transmissão vertical de doenças infecciosas, Drogadição

Resumo

Introdução: A contaminação pelo vírus da imunodeficiência humana é uma infecção prevalente ocorrida na gravidez. A implantação de um programa de rastreamento e prevenção da transmissão vertical é um campo tão importante na saúde pública. Neste caso, a gestante, usuária de crack, pode estar com alguma dificuldade de testagem e adesão à administração da terapia antirretroviral altamente ativa. Objetivo: Analisar os casos de gestantes vírus da imunodeficiência humana positivas e usuárias de crack atendidas na maternidade do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná entre 2005
e 2013. Propõe-se avaliar se o uso de crack aumenta a transmissão vertical do vírus da imunodeficiência humana e, caso isso ocorra, quais seriam os possíveis fatores que explicariam esse aumento. Métodos: Trata-se de um estudo retrospectivo e descritivo, com análise de prontuários da obstetrícia (prénatal), do atendimento ao parto, da ficha de avaliação do recém-nascido e do prontuário de evolução do recém-nato. Foi comparada a taxa de transmissão
perinatal de vírus da imunodeficiência humana de usuárias (n=64) e não usuárias de crack (n=826) no período de 2005 a 2013. Posteriormente, analisando apenas os casos de uso de crack, foram pareados os grupos com e sem transmissão vertical, avaliando condições sociais, condições do recém-nato, tratamento adequado para o vírus da imunodeficiência humana durante a gestação, entre outras variáveis. Resultados: A transmissão vertical de vírus da imunodeficiência humana foi de 9,37% em usuárias de crack e de 2,54% em não usuárias, com alta significância estatística (p=0,009744). Ao longo dos anos do estudo, houve um decréscimo da taxa de transmissão vertical em não usuárias de crack, enquanto nas usuárias esse número permaneceu constante. Nos casos de transmissão vertical, 83,34% das pacientes tiveram um pré-natal inadequado e em 100% o tratamento para o vírus da imunodeficiência humana na gestação foi inadequado em comparação com o grupo no qual não houve transmissão vertical, em que o pré-natal inadequado foi de 65,52% e o tratamento inadequado foi de 70,86%. O uso de adequada profilaxia antirretroviral intraparto se mostrou um dos principais fatores diretamente associados com a proteção contra a transmissão vertical (p=0,065). Conclusão: A transmissão vertical de vírus da imunodeficiência humana é maior em usuárias de crack e não se mostrou em queda ao longo dos anos do estudo, como ocorreu nas não usuárias. Foram encontradas tendências que explicam esse aumento, por exemplo não adesão ao pré-natal adequado, diagnóstico do vírus da imunodeficiência humana durante a gestação, tratamento irregular, ausência de profilaxia antirretroviral intraparto e via de parto vaginal. Prematuridade e baixo peso ao nascer foram maiores nos recém-natos das usuárias em relação aos índices encontrados na literatura do país. Fica evidenciada a necessidade de atendimento diferenciado para essas gestantes, visto que elas não obedecem às medidas adotadas até o momento para o controle da transmissão vertical.

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Publicado

2022-05-11

Como Citar

1.
Carvalho NS de, Berti CCV, Rauen J, Medeiros ARP, Maffini CF, Tristão EG, et al. Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana em associação ao uso de crack: qual o impacto na transmissão perinatal entre 890 gestantes. DST [Internet]. 11º de maio de 2022 [citado 18º de janeiro de 2025];33. Disponível em: https://bdst.emnuvens.com.br/revista/article/view/1196

Edição

Seção

Artigo original