Dermatofitose disseminada e síndrome da imunodeficiência adquirida: revisão de literatura e apresentação de experiência clínica
DOI:
https://doi.org/10.5327/DST-2177-8264-2022341206Palavras-chave:
Dermatofitose, Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, HIV.Resumo
Introdução: Dermatofitoses são infecções comuns, causadas pelas espécies fúngicas Microsporum, Epidermophyton ou Trichophyton, que acometem preferencialmente a pele da região interdigital, da virilha e do couro cabeludo. Apesar de não causar doenças graves, em pacientes portadores do vírus da imunodeficiência humana, a infecção se manifesta e evolui de forma exuberante, normalmente com lesões extensas e disseminadas. Objetivo: Fazer revisão de literatura sobre dermatofitose em pessoas vivendo com vírus da imunodeficiência humana e apresentar a experiência na atenção clínica em uma paciente vivendo com o vírus e dermatofitose extensa e disseminada. Métodos: A revisão de literatura sobre o tema baseou-se nos dados do Pubmed/National Library of Medicine, dos Estados Unidos, utilizando-se as palavras-chave dermatofitose, dermatofitose e AIDS, dermatofitose e vírus da imunodeficiência humana, e dermatofitose e imunodeficiência, de 1988–2022. Descreveu-se a experiência clínica na abordagem de uma paciente vivendo com vírus da imunodeficiência humana, a qual desenvolveu AIDS e apresentou lesões cutâneas disseminadas. Por raspado, foram coletadas amostras da lesão e submetidas à cultura, e constatou-se crescimento de fungos do gênero Trichophyton sp. Realizou-se também biópsia da lesão, corada pelo método da metenamina de prata de Grocott-Gomori. Resultados: Foram encontrados 1.014 artigos, dos quais apenas 34 apresentaram correlação direta com nosso trabalho, e foram utilizados para discorrer sobre os principais temas narrados neste artigo. Apresentou-se experiência clínica na abordagem de uma paciente com vírus da imunodeficiência humana/AIDS e baixa adesão ao tratamento antirretroviral, exibindo lacerações eritematoescamosas extensas e disseminadas, com diagnóstico clínico de Tinea corporis, manifestando-se com quadro clínico usualmente não encontrado em pacientes imunocompetentes. O diagnóstico foi confirmado por exames laboratoriais com isolamento do fungo Trichophyton sp. Tratada com fluconazol via oral, a paciente apresentou remissão parcial das infecções aos dois meses e completa aos seis meses. Também foi exaustivamente estimulada a usar corretamente a medicação antirretroviral prescrita. Conclusão: A dermatofitose em pacientes com vírus da imunodeficiência humana pode se apresentar de forma extensa e disseminada. O tratamento antifúngico é eficaz, com remissão do quadro. A terapia antirretroviral é importante adjuvante para melhor recuperação dos enfermos.