Alterações hepáticas de abortos e lactentes de mães com HIV
Palavras-chave:
HIV, infecções oportunistas, tratamento antirretroviral, alterações hepáticas, lactentesResumo
Introdução: São poucos os trabalhos relacionados à investigação das alterações anatomopatológicas das lesões hepáticas em necropsias de abortos, natimortos e crianças procedentes de mães HIV positivas. Objetivo: Descrever as alterações hepáticas em fetos e lactentes procedentes de mães HIV positivas, sob o ponto de vista anatomopatológico, correlacionando-as ao HIV, aos agentes etiológicos causadores de infecções oportunistas e às drogas utilizadas nos diferentes esquemas terapêuticos. Métodos: O material utilizado foi proveniente de 15 necropsias de crianças e 5 abortos realizadas pelo Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Universitário Antônio Pedro, da Universidade Federal Fluminense, no período de 1986 a 2007. As definições de aborto e lactentes seguem os critérios adotados pela Organização Mundial da Saúde. Foram realizados estudos macroscópicos e microscópicos de fígado, após inclusão em parafina utilizando os corantes hematoxilina e eosina e outros métodos de coloração especial (ácido periódico de Schiff, reticulina, trinômio de Gomory, prata metanamina e Sudan). As necropsias foram completas. Resultados: Foram observadas alterações macroscópicas em 13 casos, em pelo menos um critério, alterações microscópicas compatíveis com esteatose foram observadas em 12, necrose em 7 e colestase em 4 das crianças e natimortos. Dos cinco casos de abortos, dois foram procedentes de mães em tratamento com zidovudina. Todos apresentaram agentes de infecções oportunistas. Conclusão: As alterações hepáticas macroscópicas e microscópicas são importantes nesses pacientes, e parecem não estar relacionadas à alta frequência de infecções oportunistas. Este estudo fornecerá subsídios para a compreensão da patogenia dos acometimentos hepáticos causados pelo vírus HIV, agentes oportunistas e drogas utilizadas na terapia.