Infecção HIV no cérebro

as bases biológicas da neuropsicologia

Autores

  • Rosangela S. Kalil Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
  • Pierre G. Bauer Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
  • Guilia M. R. Santoro Hospital Estadual Psiquiátrico de Jurujuba
  • Ivete A. Espíndola Pereira UNIRIO
  • Fernando R. A. Ferry Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
  • Rogério N. Motta Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
  • José Ramon R. A. Lopes Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
  • Carlos Alberto M. Sá Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Palavras-chave:

HIV, neuropsicologia, sistema nervoso central

Resumo

Introdução: a importância das manifestações neuropsicológicas como meio de identificar a presença do HIV-1 no sistema nervoso central. Objetivos: avaliar a possível relação entre o HIV-1 no Sistema Nervoso Central (SNC), mecanismo patológico, proteção do SNC e alterações neu-ropsicológicas cognitivas; Identificar a existência ou falta de sintomas neuropsicológicos e sua importância com a presença do HIV-1 no SNC. Metodos: revisão sistemática de mais de 100 artigos recentemente publicados na literatura médica nacional e internacional via PubMed, referentesaos mecanismos biológicos e patológicos relacionados ao HIV-1 no SNC e as funções neuropsicológicas. Foram estabelecidas correlações entre osaspectos biológicos, patológicos, neuropsicológicos e questões controversas de importância clínica em pacientes infectados pelo HIV-1. Resultados: a maioria dos trabalhos selecionados supõe que o HIV-1 entra precocemente no SNC, que é imunologicamente privilegiado, no curso da infecção eestabelece-se no cérebro ao longo da vida. A via principal de entrada do HIV-1 no cérebro ocorre pelo influxo aumentado de monócitos infectados no SNC. A lesão direta do neurônio cerebral pode ocorrer pela ação de várias proteínas virais como Tat, gp120, Vpr. Em tal situação, a interação diretade proteínas do HIV-1 destrói os neurônios sem qualquer papel intermediário das células gliais. A lesão indireta pode ser a forma mais freqüente emque vários produtos difusíveis dos monócitos ativados, macrófagos, astrócitos e micróglias induzem o processo de morte de neurônios inespecíficos, inocentes e presentes no local. Contrastando com a maioria dos trabalhos publicados, há evidências de que apontam um papel protetor do HIV-1 queativando astrócitos e micróglias preservam a função cognitiva promovendo proteção neuronal. Discussão: os resultados desta revisão sistemáticamostram que o HIV-1 no cérebro pode promover diferentes graus de alterações neuropsicológicas, dependendo da interação do HIV-1 no SNC. No caso de ataque direto do HIV-1 ao neurônio cerebral (neurotoxidade direta), graves alterações neuropsicológicas cognitivas poderiam certamenteocorrer. No caso de neurotoxidade em que monócitos infiltrados, macrófagos, micróglia e astrócitos produzem várias citoquinas, quimiocinas, aminoácidos, proteínas HIV-1 e outros produtos difusíveis, os neurônios podem ser lesados ou morrer dependendo da intensidade da agressão inicial. Asmanifestações cognitivas neuropsicológicas podem ser leves, moderadas ou graves dependendo da intensidade do dano cerebral. No caso de ausênciade sintomas cognitivos na infecção HIV-1 do cérebro, algumas evidências publicadas na literatura mostram um possível papel neuroprotetor de citoquinas, como o TNF produzido pelos monócitos infiltrados e células gliais. Conclusão: os testes neuropsicológicos podem ser importantes para a avaliação prognóstica e o tratamento adequado da infecção HIV-1 do SNC e para a determinação do curso clínico do paciente. Distúrbios neuropsicológicos podem funcionar como marcadores de agressão de proteção para o SNC infectado pelo HIV-1. A atividade viral do HIV-1 no SNC pode serinferida a partir das alterações neuropsicológicas encontradas.

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Biografia do Autor

Rosangela S. Kalil, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Psicóloga Chefe da Clínica Médica B da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Mestranda do Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu em Neurociências da UNIRIO.

Pierre G. Bauer, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Biólogo Voluntário da Clínica Médica B da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.

Guilia M. R. Santoro, Hospital Estadual Psiquiátrico de Jurujuba

Médica Residente do Hospital Estadual Psiquiátrico de Jurujuba.

Ivete A. Espíndola Pereira, UNIRIO

Mestranda do Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu em Neurociências da UNIRIO.

Fernando R. A. Ferry, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Professor Adjunto de Clínica Médica da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.

Rogério N. Motta, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Professor Assistente de Clínica Médica da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.

José Ramon R. A. Lopes, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Professor Adjunto de Psiquiatria da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Doutor e Livre-Docente em Psiquiatria.

Carlos Alberto M. Sá, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Professor Titular de Clínica Médica B da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.

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Publicado

2022-12-05

Como Citar

1.
Kalil RS, Bauer PG, Santoro GMR, Espíndola Pereira IA, Ferry FRA, Motta RN, et al. Infecção HIV no cérebro: as bases biológicas da neuropsicologia. DST [Internet]. 5º de dezembro de 2022 [citado 21º de novembro de 2024];17(1):71-5. Disponível em: https://bdst.emnuvens.com.br/revista/article/view/558

Edição

Seção

Artigo de revisão