Violência sexual e doméstica em mulheres atendidas em uma clínica de DST/AIDS em Vitória, Brasil
Palavras-chave:
violência sexual, violência doméstica, doenças sexualmente transmissíveis, AIDS, mulheresResumo
Introdução: A violência contra as mulheres pode assumir várias formas, desde assédio sexual, discriminação e desrespeito até formas mais graves tais como violência física e sexual. Objetivo: Descrever a frequência de violência doméstica e sexual relatadas por mulheres atendidas em um clínica de doenças sexualmente transmissíveis (DST) em Vitória, Brasil. Métodos: As mulheres que buscaram atendimento clínico na clínica de DST/AIDS, durante o período de estudo, foram convidadas a participar e responderam a uma entrevista após assinar um termo de consentimento informado. O questionário utilizado incluiu dados sobre as características sócio-demográficas e clínicas, os comportamentos de risco para DST e a história de violências domésticas e sexuais. Resultados: Um total de 276 (96,8%) mulheres concordaram em participar do estudo, das quais 109 (39,5%) eram HIV-positivas e 167 (60,5%) eram HIV-negativas. História de violência doméstica foi relatada por 52,6% das mulheres, principalmente relacionada ao abuso de álcool (41,6%), uso de drogas ilícitas (27,2%), e problemas psiquiátricos (25,3%). Violência sexual prévia foi relatada por 28,6% das mulheres, e 31,6% desses casos ocorreu quando as participantes tinham menos de 14 anos de idade. Um total de 69,2% das mulheres tinham entre 18 e 34 anos; 11,2% relataram o uso frequente de álcool; 21% o uso de drogas ilícitas e 2,2% relataram o uso de drogas injetáveis. Em relação ao uso de preservativos, as mulheres HIV-positivas tinham menos receio de pedir ao parceiro para usar preservativos em comparação com mulheres HIV-negativas (31,2 versus 41,9%, p=0,022). Conclusão: História de violência doméstica e sexual foi frequentemente relatada neste estudo. Os efeitos da violência sobre a saúde física e mental das mulheres são amplamente conhecidos como um grave problema de saúde pública. Para além dessa importância, a violência é um problema invisível em nossa sociedade e precisamos aprender como abordá-lo na prática clínica.