Impacto precoce na redução de anormalidades cervicais em campos dos goytacazes, RJ, Brasil, depois da introdução de vacina quadrivalente de hpv em meninas de 11 a 15 anos
é hora de pensar em vacinas hpv para rapazes?
Palavras-chave:
Papillomaviridae, vacina quadrivalente recombinante contra HPV tipos 6, 11, 16, 18, teste de Papanicolaou, cobertura vacinal, neoplasias de colo de úteroResumo
Introdução: O papilomavírus humano (HPV) é uma grande preocupação na saúde pública e privada. A prevenção dessa condição é a combinação do uso do exame de Papanicolaou, de preservativos e de vacinas contra o HPV. Campos dos Goytacazes é o primeiro município brasileiro a implementar em setembro de 2010 a vacina quadrivalente contra o HPV (Gardasil®) para meninas de 11 a 15 anos de idade em uma estratégia híbrida de vacinação (escolas e centros de saúde). Em 2014, a vacinação começou para os meninos na mesma época em que o Ministério da Saúde introduziu a vacina para as meninas. Objetivo: O objetivo do estudo foi analisar as tendências na redução de anormalidades cervicais de baixo grau cinco anos depois da introdução da vacina quadrivalente de HPV na cidade (resultado primário). Além disso, esta investigação avaliou o risco relativo de cada grupo analisado, de maneira a explicar o efeito protetor da vacina (resultado secundário). Métodos: A análise ecológica avaliou o impacto da vacinação contra o HPV como um fator protetor contra o baixo risco de anormalidades pelo HPV. Os resultados do teste de Papanicolaou, obtidos por meio do Sistema de Informação do Câncer do Colo do Útero (Siscolo) do Ministério da Saúde, foram categorizados em anormalidades de baixo grau (LGA) e anormalidades de alto grau (HGA). Este estudo preliminar foi centrado nas taxas de LGA, as quais foram estimadas para o período de um mês e estratificadas por quatro grupos etários (<20; 20-24; 25- 30; >30 anos) de 2007 a 2014. A comparação quantitativa das tendências temporais de LGA antes e depois da vacinação foi feita com análise de regressão de Quase-Poisson. O efeito protetor da vacina ao longo do tempo foi avaliado por cálculo do risco relativo em cada grupo de idade. Resultados: O estudo mostrou diminuição significativa de mais de 60% em LGA em mulheres de 20 anos de idade e de pelo menos cerca de 50% para os outros grupos. A vacina contra o HPV foi um fator de proteção, por causa do resultado do risco relativo de <0,0001 em todas as idades. Conclusões: Embora os estudos mostrem que as lesões pré-neoplásicas do HPV possam ser reversíveis espontaneamente, é inegável que a vacina contribuiu grandemente para as taxas elevadas de redução, associadas com a alta cobertura vacinal. Esses resultados são os primeiros no Brasil e podem dirigir no futuro a necessidade de discutir a vacinação dos meninos no contexto dos mesmos resultados obtidos na Austrália.