Cobertura dos exames de colpocitologia oncótica e mortalidade por câncer do colo de útero no Brasil no período de 2006 a 2014
Palavras-chave:
teste de papanicolaou, neoplasia, colo do útero, coeficiente de mortalidadeResumo
Introdução: Apesar de já conhecidos os métodos de prevenção e rastreio, o câncer de colo de útero ocupou no Brasil, em 2016, a terceira posição nas neoplasias femininas mais incidentes e a terceira causa de óbito por câncer nas mulheres. A vacina contra o Papilomavírus humano foi recentemente introduzida no Programa Nacional de Imunizações, mas o tempo ainda é insuficiente para avaliar a redução dessa doença. O rastreamento e o tratamento das lesões pré-cancerosas por meio da colpocitologia oncótica têm demonstrado reduzir significativamente a incidência e a mortalidade do câncer do colo de útero. No entanto, para que isso ocorra, é necessária alta cobertura populacional, o que não acontece no Brasil. Objetivo: Analisar a quantidade de exames citopatológicos do colo uterino coletados entre janeiro de 2006 a dezembro de 2014 na população feminina brasileira pelo Sistema Único de Saúde (SUS), comparando-o ao número de óbitos por neoplasia cervical nesse mesmo período. Métodos: Estudo transversal avaliando o número de colpocitologias oncóticas e mortalidade por câncer de colo de útero na população feminina dos 25 aos 64 anos. O número de citopatologias foi obtido por intermédio do Sistema de Informação do Câncer do Colo do Útero e os dados populacionais por estimativas censitárias fornecidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número de óbitos foi obtido pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde. Resultados: A cobertura pelo exame citopatológico no Brasil mostrou-se decrescente ao longo dos anos analisados. A região brasileira com menor cobertura média foi a Norte (14,58%), também sendo a com maior número de óbitos por câncer de colo uterino (média de 12,58 óbitos por 100 mil mulheres). A região com maior cobertura média foi a Sudeste (17,14%), que obteve as menores taxas de morte dessa neoplasia (média de 5,28 óbitos por 100 mil mulheres). A faixa etária que mais apresentou óbitos no Brasil, de 2006 a 2014, foi a de 50 a 54 anos. Conclusão: A cobertura nacional pela colpocitologia oncótica permanece muito baixa e com altas e constantes taxas de mortalidade nos últimos anos.