Câncer de Pênis em Jovem de 23 Anos associado a infecção Por HPV 62 – relato de caso
Palavras-chave:
câncer de pênis, HPV, HPV 62, DSTResumo
Introdução: o câncer de pênis é uma doença maligna rara, de alta morbidade e mortalidade, que acomete principalmente homens com idade avançada. Tem pico de incidência na sétima década de vida, muito raro em jovens. Em alguns países da África, da Ásia e da América do Sul, representa cerca de 10% das doenças malignas que acometem homens. No Brasil, o câncer de pênis representa 2% do total de cânceres em homens e é mais frequente nas regiões Norte e Nordeste do país, onde a taxa de incidência varia entre 1,3 a 2,7 por 100.000. Má higiene peniana, retenção de esmegma, e fimose são consideradas fatores de risco para câncer de pênis. Em populações que praticam circuncisão, a incidência de câncer de pênis é baixa mesmo em países pouco desenvolvidos como Nigéria e Índia. Há muitos estudos na literatura apontando como provável causa a infecção pelo HPV, tendo como provável precursor inicial a lesão verrucosa inicial. Relato de caso: paciente E.G.S., masculino, 23 anos, branco, católico, não estuda, trabalha com telefonia, natural de Osasco (SP) e procedente de Barueri (SP). É casado e não tem filhos. O paciente relata que possuía fimose desde a infância, que impossibilitava a exposição completa da glande. Em novembro de 2010 relata surgimento de nódulo de 1 cm de diâmetro no pênis. Foi realizada postectomia em 24 de fevereiro de 2011 para tratamento de fimose, durante a qual se realizou biópsia da lesão, diagnosticada como carcinoma epidermoide grau III. Estudo biomolecular apontou infecção por HPV 62. Foi realizada penectomia parcial para retirada da lesão em 21/03/2011. No momento da cirurgia, a lesão já se apresentava com 7 x 5 x 4 cm, com lesão úlcero-infiltrativa de 3 x 5 cm, distante 1 cm do óstio uretral. Discussão: nosso paciente apresentava fimose que impossibilitava a exposição completa da glande desde a infância, prejudicando a higiene peniana. A fimose predispõe à retenção de células descamativas e resíduos da urina (esmegma) que podem causar irritação crônica com ou sem infecção bacteriana da glande ou do prepúcio. A circuncisão diminui a chance de contrair doenças venéreas, infecções do trato urinário e possibilita melhor higiene. Além disso, está associada a menor incidência de HPV, que se mostra como importante fator de risco para o desenvolvimento do câncer peniano. Observou-se profunda redução na persistência do vírus entre pacientes circuncidados, de até 90%, sendo importante na resolução da infecção e proteção contra a malignização. O HPV 62 foi encontrado em pacientes do sexo feminino, causando lesões escamosas intraepiteliais de alto grau, compatíveis com lesões dos subtipos mais oncogênicos de HPV.